terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A construção de um acervo hipermídia

Pedro Alves dos Anjos e Raquel Nantes Taveres, 
pesquisadora do Memórias do ABC, 
durante gravações de roda de histórias
Desde 2003, o Memórias do ABC – Núcleo de Pesquisas e Laboratório de Produções Midiáticas da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), coordenado pela Profa Dra Priscila Ferreira Perazzo, desenvolve projetos de pesquisa sobre a memória social do ABC Paulista. Os pesquisadores, que envolvem a graduação, a pós-graduação e profissionais de áreas técnicas, concebem a memória como importante instrumento para investigação da história, da economia, da política, da sociedade e da cultura locais.
Os sentimentos, valores e significados que a memória traz interferem na forma de viver, de se relacionar e de conceber o mundo que cerca os sujeitos. Nesse sentido, por meio de entrevistas com pessoas, que narram suas histórias de vida ou contam suas impressões sobre determinados temas, é possível estudar diversas questões sobre a sociedade, a cultura, o cotidiano, o imaginário, a linguagem, as mídias e a política da região. 
Ana Maria Medici. 
Grupo Cênico Regina Pacis (SBC) 
Acervo Hipermemo. Memórias do ABC.
Os depoentes ou narradores são considerados sujeitos históricos, ou seja, são tanto produtores dos fatos, seus personagens ou testemunhas oculares, como aqueles que os relatam, que os reconstroem para a posteridade. Em outras palavras, pelas próprias experiências de vida, geram interpretações dos acontecimentos por eles vivenciados no tempo e no espaço. 
Até o ano de 2009, o grupo de professores e alunos desenvolveu 19 projetos temáticos. Todo material faz parte de um acervo de hipermídia de memórias, o HiperMemo, que, em breve, estará disponível para consulta pública.
Sobre o teatro regional, além de monografias e artigos publicados, o Memórias do ABC produziu o vídeo Imagens e Narrativas do Teatro no ABC Paulista (1950-1980)” como forma de divulgar as pesquisas realizadas desde 2003, com apoio CNPq, tendo por base as narrativas orais de artistas do ABC (aqui entendida como Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul por conta de delimitações de campo de pesquisa), que fizeram do teatro seu meio de expressão de valores, representações e imaginários sociais.
Bri Fiocca e Sérgio Rossetti. 
Grupo Teatro da Cidade (GTC). Santo André.
Acervo Hipermemo.  Memórias do ABC
Dividido em cinco capítulos, o vídeo de 82 minutos, contempla o contexto histórico da região, a produção dos artistas e grupos amadores, a participação da mulher em cena, a relação dos grupos com os mecanismos de censura e a indicação de uma poética do subúrbio, com a procura pela profissionalização e a preocupação com a construção de uma identidade cultural local.
É obvio que o vídeo não dá conta de explicar o movimento teatral na região do ABC, mas pode ser um pontapé inicial para que artistas e pesquisadores desenvolvam trabalhos dedicados a memória do movimento artístico regional.
Inajá Bevilacqua. 
Espetáculo “Vereda da salvação”. 
Grupo de Teatro Amador TAPRIM 
Acervo Hipermemo. Memórias do ABC.

Há quem diga que a memória é coisa de velho. Assim, esquecemos de registrar nossas histórias. Esquecemos que nossa narrativa representa uma visão de mundo e, consequentemente, pode nos ajudar a compreender a sociedade.
Eu, pessoalmente, acredito na importância do registro e preservação da memória social, como parte integrante daquilo que se entende por cidadania cultural – memória como direito do cidadão, como ação de todos os sujeitos sociais.
Ah, o site do Memórias do ABC vai ganhar uma cara nova em breve, mas já existe um material disponível para consulta. E as fotos e o vídeo que acompanham este texto também fazem parte do HiperMemo.






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